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17 de novembro de 2012

Glaucoma congénito

Li um artigo mesmo interessante sobre o glaucoma congénito. Acho engraçado que ao fazer uma busca no google pela doença e imagens, aparecem crianças com ranho em volta dos olhos, com olhos enormes e desproporcionais. É como o monstro do Loch Ness. Se fosse assim tão evidente, seria mesmo fácil diagnosticar uma criança com glaucoma congénito.

Não conheço ninguém que tenha sido diagnosticado em bebé ou criança. Eu só fui em adolescência, mas num estado muito avançado. Seria interessante conhecer mais gente em Portugal que tenha tido o mesmo diagnóstico, saber como foram tratadas pelo médico, a reação da família.

Esta doença torna-se muito perigosa para uma criança, pois tal como num adulto os sintomas estão muitas vezes ausentes ou facilmente confundidos por outro tipo de situações.

Aqui ficam algumas ideias destacadas do artigo que li. Indico mais em baixo o caminho para que possa lê-lo também.

O glaucoma é um conjunto de doenças que envolve elevada pressão ocular, nervo ótico danificado e perda de visão. As causas para cada uma delas nem sempre estão interligadas.
No caso do glaucoma congénito notam-se alterações no olho devido à pressão intraocular elevada, as fibras óticas são danificadas, a dimensão do olho aumenta, córnea fica enevoada, disco e nervo óticos são danificados.
As causas para uma drenagem deficiente na câmara ocular são o fechamento do canal de Schlemm, por onde o olho liberta o humor aquoso e/ou deficiência na malha trabecular. Esta deficiência pode prover de uma herança genética ou desenvolver-se durante a infância. Pode ainda ser resultado de uma outra doença no olho.
A maioria dos casos são determinados geneticamente. Não é necessário que ambos os pais possuam o gene maligno e no caso de haver irmãos, é possível que um deles contenha também o mesmo gene. Há seis genes relacionados ao aparecimento de glaucoma, sendo o TIGR/Myocilin o maior responsável. Os outros genes provocam deficiência no circuito do humor aquoso e o aumento da pressão intraocular.

Os sintomas são muito variados e, dependendo do tipo de glaucoma, podem nem existir. No entanto as reações mais comuns são a intolerância à luz, opacidade da córnea, epífora e perda de visão. A córnea, a pupila e o olho podem aumentar, principalmente em crianças menores de três anos de idade. Existem também outros sintomas corporais que podem surgir. Por exemplo, irritabilidade, falta de apetite e enjoos. As crianças glaucomatosas estão muitas vezes tristes, irritadas e comem pouco.

Existem vários tratamentos. É necessário muita paciência por parte dos pais e persistência. Nenhum dos tratamentos vai recuperar a visão no caso de já estar perdida. No entanto, mesmo que a criança ou pessoa com glaucoma já esteja cega, o tratamento deve continuar a ser feito, pois uma pessoa com glaucoma sofre dores imensas quando é atacada de uma urgência de glaucoma e o olho continua a deformar-se. A cegueira é uma das consequências do glaucoma, mas não o limite. Nestes casos uma das opções é a enucleação.
Os tratamentos envolvem a aplicação de colírios ou gotas e no glaucoma congénito a cirurgia. Antes de se avançar para um tratamento a criança é submetida a uma série de exames, sendo por vezes necessário um exame sob anestesia para melhor analisar o estado do nervo ótico. Os tratamentos pretendem baixar a pressão intraocular e melhorar a circulação de fluídos no olho. Existem efeitos secundários em todos os tratamentos e devem ser registados, de modo a encontrar-se o tratamento mais adequado a cada pessoa. As cirurgias necessárias podem ser: trabeculotomia ou goniotomia - incisão feita na malha trabecular para melhorar a drenagem dos fluídos para o exterior do olho. Trabectulotomia - remoção de parte da malha trabecular e criação de um canal artificial para drenagem do líquido para o exterior do olho. O canal termina abaixo da conjuntiva e origina uma bolha pequena. Iridotomia - faz-se uma pequena abertura na íris. Na maioria dos casos é uma cirurgia feita a laser. Implante cirúrgico de glaucoma - é inserido um tubo de silicone artificial entre a câmara anterior ou posterior ligada a um reservatório exterior do olho. "Cycloablation" - ablação ciliar - consiste na destruição de uma área do corpo ciliar de modo a diminuir a produção de líquido no interior do olho. E enucleação ou remoção do olho.

A operação é o recurso para travar o avanço do glaucoma, mas a pessoa poderá ficar dependente das gotas para o resto da sua vida. Assim como um diabético ou como em outras doenças crónicas, o glaucoma não tem cura e deve ser bem tratado. As gotas devem ser incutidas na criança como uma rotina. Assim como lavar os dentes, dormir, beber água, comer.

Não é possível recuperar a visão, mas a consequência final do glaucoma não tem de ser a cegueira.

Uma vez que a perda da visão é periférica, uma das dicas que se pode dar a uma criança ou pessoa com glaucoma é distanciar-se do objeto, pois assim terá uma visão mais completa do mesmo.

Apesar de todos estes cuidados, o glaucoma não impede de fazer aquilo de que se gosta, mesmo quando se tratam de desportos radicais. O importante é estar atento aos efeitos do glaucoma na nossa vida, mas não limitando a nossa vida à nossa condição.

Pode ler o artigo em inglês aqui.

8 comentários:

  1. Olá!

    Tenhouma prima que sofre de glaucoma e já está cega de um olho e vê muito pouco do outro. Vc sabe se há algum avanço no sentido da reconstrução do olho/transplante para recuperar a visão?

    Obrigada,

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  2. Olá Teresa,
    Publiquei há pouco tempo um post sobre o uso das células estaminais neste sentido. Até hoje foi o único avanço que alguma vez li ou soube que poderia recuperar o nervo ótico danificado. No entanto parece-me ser um pouco experimental ainda e não sei quanto tempo poderá demorar até que possa ser implementado e se poderá vir a ser implementado (por causa da problemática do uso de células embrionais). De resto, pelo que tenho lido em outros sites não existe atualmente nenhum avanço no transplante ocular ou reconstrução.

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  3. Bom dia Ana
    Primeiro quero dar lhe os parabens e agradecer por este blog pois é a primeira vez que vejo um blog português falar do glaucoma congénito.
    A minha filha tem dois anos e nasceu com glaucoma congenito e graça a equipa hospitalar foi logo detectado a nascença... so nao tinham a certeza do que era.
    Ela nasceu em Portimão e 19 horas depois estava em Lisboa, foi examinada pelo Dr. António Figueiredo e tivemos a confirmação. Desde ai as visitas a Lisboa tem sido mt frequentes assim como as operações, infelizmente.
    A minha filha tem os olhos grandes, LINDOS, e preposicionais, infelizmente ve mt pouco dos dois olhos, do esquerdo tem uma névoa em cima da iris o que dificulta lhe um pouco (só descobrimos que via o olho esquerdo há pouco tempo pois nunca tinha dado índices que via por ele).
    Como referiu em cima ela usa 2x por dia numas gotas, uma de manha outra à noite.
    É uma criança alegre (faz as birras normais de uma criança de dois anos), tem uma capacidade de entender tudo magnifica e acima do vulgar e em relação a comida... é uma comilona está a sempre a comer :)
    Bom só queria deixar conhecer um pouco da vida da minha filhota... não existe mt informação (ate ela nascer nunca tinha ouvido falar em tal doença) que possamos "comparar" ou descobrir como será o futuro de uma criança que nasce com glaucoma congenito.
    Obrigada Ana e um beijo nosso.

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  4. Olá Patrícia,
    Obrigada pela partilha. É muito importante que haja esta partilha, uma vez que, como disse, nem sequer é uma doença muito falada e somente a partir das experiências pessoais que vamos tendo e partilhando é que ficamos a conhecê-la melhor. O blogue é também uma tentativa de trazer o tema para nós que não somos médicos e que temos glaucoma e queremos saber como viver melhor com a doença. Onde ir, a quem recorrer.
    Tenho vontade de lhe perguntar muitas coisas na verdade. Pelo que percebo, a sua filha não vê ou vê muito pouco. Se quiser e puder partilhar outras informações, como: qual a finalidade das várias operações que a sua filha tem feito? Tem notado alguma melhoria na visão dela? Ela tinha algum tipo de dor?

    Quem agradece sou eu pelo seu contributo. Desejo-lhe muita força para continuar a acompanhar a sua filha e que ela continue espevitada e esperta.

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  5. Olá sou a Diana e tenho 2 filhos com glaucoma congenito a Matilde tem 2 anos e o Lúcio tem 3 meses. Embora seja uma doença muito má e rara somos uma familia feliz e procuramos não nos centralizar na doença viver um dia de cada vez.
    A Matilde ta optima e o Lúcio do direito td bem do esquerdo é que não ta la muito bem mas vamos indo e vamos vendo. Somos de Gondomar.

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  6. Olá Diana! Tenho uma filha com 37anos, tem glaucoma congenito. O olho direito foi sempre o pior, foi operada com 20 dias, o olho esquerdo até hoje nunca mais foi operado, o direito foi operado varias vezes e já perdeu a visão total. Neste momento estamos a prepararmo-nos para operar outra vez ao único que vê... Muito importante usar os colírios rigorosamente e procurar o melhor em oftalmologia, a maior parte dos médicos da especialidade estão nos HUC. Que tudo corra bem para a Matilde e Lucio e muita força para os pais.

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  7. Eu tenho 16 anos nasci cego com glaucoma congênito dos dois olhos fiz uma operação e comecei a ver e a melhorar de dia para dia primeiro recuperei a visão do olho direito e fiquei com a visão de 9/10 decioptrias e no esquerdo continuei cego mas com a idade fiquei co 4/10 decioptrias e ta a melhorar acham que é normal

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  8. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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